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Foto do escritorDaniele Pendeza

Annie Wilkes - personagem icônica de Stephen King


Vocês conhecem a Annie Wilkes? Ela é uma personagem fictícia, que aparece como antagonista no livro Misery (Louca Obsessão) (1987), de Stephen King (renomado autor de histórias de terror, com diversas adaptações para TV e cinema. Histórias famosas incluem It, O Iluminado e À Espera de um Milagre)). Ela é considerada a maior vilã (humana) das histórias de King e a construção da sua personagem traz diversas questões acerca da saúde mental e até onde uma pessoa pode chegar (e sofrer) por falta de tratamento adequado. Lembrando que essa é uma análise de uma personagem FICTÍCIA, e muitos pontos de vista podem ser construídos a partir de sua história, seja no livro, seja no filme ou na série que será comentada logo a seguir.


A história principal é a do livro citado anteriormente, e que também virou filme, estrelado pela incrível Kathy Bates (1990). Annie é uma enfermeira que gosta muito de literatura, especialmente os livros escritos por Paul Sheldon (de forma obsessiva), o qual resgata de um acidente de carro e realiza os primeiros socorros em sua própria casa. Tudo estaria bem se Annie não fosse uma assassina. Ela trabalhou em um hospital infantil onde diversas crianças morriam de forma inexplicável. Ninguém conseguiu comprovar sua culpa, mas ela ficou conhecida como “The Dragon Lady”. Além disso, Annie já havia assassinado seu pai, vizinhos de sua infância, totalizando em torno de 70 mortes!


Recentemente o seriado Castle Rock, em sua segunda temporada (2019), contou como fora o início da vida de Annie (interpretada por Lizzy Caplan) e o surgimento de sua doença. Quando criança, ela era atormentada pelos colegas na escola, isolada, tinha dificuldades de aprendizagem, parecia imatura para a idade, tinha acessos repentinos de violência, podendo ficar deprimida ou superestimulada. Segundo o seriado, por conta de um ciúme obsessivo, na adolescência Annie comete seu primeiro assassinato.


É de praxe que Stephen King mergulhe na mente humana para criar suas personagens, muitas vezes misturando diagnósticos e amplificando características humanas até o seu extremo. As duas Annies são mentirosas, criaram uma realidade paralela a qual vivem como bem entendem, segundo suas próprias leis. Sua personalidade violenta também é detentora de fortes mudanças demonstra um de humor, eventualmente comportamento infantilizado, pode ser extremamente cuidadosa e atenta, mas também parece ter dificuldades cognitivas.


Diversos especialistas já analisaram a personalidade de Annie, e segundo as análises de Reid Malloy e de Cklara Moradian, a personagem é um “prato cheio” de transtornos de personalidade que nunca receberam tratamento adequado, alcançando o extremo dos critérios diagnósticos. Resumindo, Annie poderia ser considerada uma pessoa com Transtorno Esquizoafetivo Tipo Bipolar e Transtorno de Personalidade Esquizotípica, os quais têm causas biológicas, genéticas e, no caso dessa personagem, também ambientais, por estar inserida em uma família disfuncional (no seriado fica claro que os pais dela também têm sérios problemas) e ser privada de tratamento (o pai de Annie, ainda no seriado, diz que vai resolver tudo em casa, deixando a menina isolada da sociedade e à mercê de suas capacidades limitadas como pai).


Esse é um dos casos em que a arte imita a vida com uma lente de aumento, e se olharmos atentamente, poderemos aprender mais sobre nós mesmos, sobre a importância da saúde mental e visualizar, em belos filme e seriado (sim, eu amo terror e amo Stephen King) um lado assombrado da nossa própria humanidade.

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