No final de 2020 eu fiz uma enquete no Instagram (@danielependeza) e no Facebook Daniele Pendeza - Musicoterapia e Educação Musical sobre quais assuntos vocês gostariam de ver aqui no Blog nesse ano novo. Questões envolvendo a escola e a inclusão foram a maioria, então, nesse mês de janeiro vou falar como escolher uma escola inclusiva (no post de hoje) e nos próximos sábados sobre legislação, profissionais de apoio e outras questões que envolvem a inclusão escolar.
Primeiramente, acredito ser importante falar que uma escola inclusiva não é inclusiva apenas para quem tem alguma deficiência. Todos os alunos e as alunas que participam de um ambiente verdadeiramente inclusivo têm algo a ganhar, pois a convivência com a diversidade traz ensinamentos muito mais importantes do que conteúdos pedagógicos, traz consciência social, empatia, desenvolvimento emocional, social e cognitivo (que dará bases para a aprendizagem dos conteúdos pedagógicos!). Essas habilidades são essenciais para os profissionais do futuro.
Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), um bom profissional não será aquele que tem um curso de nível superior ou conhecimento teórico em larga escala, mas sim, aquele que apresentar flexibilidade cognitiva, capacidade de negociação, julgamento e tomada de decisões, proatividade, inclinação para ajudar os outros e capacidade de trabalho em equipe, inteligência emocional, gestão de pessoas, criatividade, pensamento crítico e capacidade de resolução de problemas.
Todas essas habilidades podem ser desenvolvidas na escola, mas vão muito além de um livro didático. Necessitam de uma renovação das metodologias de ensino e da inclusão e valorização da neurodiversidade!
Existem vários pontos a serem considerados para poder se considerar uma escola verdadeiramente inclusiva. E eu vou começar pelo mais fácil, a infraestrutura. O ambiente deve se adaptar às pessoas que dele usufruem, e não o contrário. Lembro de quando eu fiz o Ensino Fundamental. Era uma escola enorme, com três andares extensos. Nunca tive nenhum professor (a) ou colega cadeirante. Eles não existiam naquela época? Claro que existiam, mas certamente aquela escola não seria uma escolha, devido às dificuldade de acessibilidade arquitetônicas. Elevadores, rampas e piso tátil são itens que devem passar a fazer parte das escolas, especialmente quando consideramos prédios que foram construídos para serem escola (no caso de casas adaptadas o processo pode ser mais difícil, mas tudo é questão de onde alocar as turmas com alunos que necessitam de adaptações para a sua mobilidade).
Outro ponto importante é a presença de uma sala de Atendimento Educacional Especializado (AEE), com educadores (as) especiais e psicopedagogos (as). Esses profissionais são especializados na adaptação curricular (na criação do PEI - Plano de Ensino Individualizado) e colaboram com a equipe pedagógica nas orientações para a sala de aula e na construção de formação continuada de acordo com as necessidades dos professores. Além disso, equipes que têm formação continuada ofertada pela escola estão mais aptos a trabalharem com a diversidade e realizando mudanças atitudinais dentro da sala de aula e dos demais ambientes escolares, trabalhando por uma educação sem preconceitos e mediando conflitos.
Quando for identificada a necessidade, o (a) aluno (a) também tem direito a um profissional de apoio, que será responsável por promover a sua autonomia e a sua independência. Esse profissional tem diversas funções, como ajudar na mobilidade, autonomia, higiene, alimentação, organização e adaptação dos materiais pedagógicos. O nível do apoio será definido pela necessidade específica do (a) aluno (a), identificado através de avaliações especializadas da equipe terapêutica e escolar.
Por fim, acredito que esse seja o ponto mais complexo, que é o da Comunicação! Já comentei em outro post a importância da tríade Escola - Família - Equipe Terapêutica, pois essa é uma das chaves para a verdadeira inclusão. O diálogo e trabalho em conjunto são essenciais, pois no centro encontra-se o aluno, e se cada um “puxar para um lado”, apenas esse aluno que sai prejudicado, é sobre a vida e o desenvolvimento dele que estamos falando. Então, quanto mais sinceros, abertos e verdadeiros forem os envolvidos, melhor se dará o processo da inclusão. Quando a família mascara s dificuldades, a equipe terapêutica se tranca em seus consultórios e a escola dificulta o acesso, criando murando invisíveis para evitar que qualquer um saiba o que realmente acontece ali, certamente o resultado não será positivo. Essas barreiras atitudinais só podem ser resolvidas com diálogo e colaboração mútua. Os profissionais, tanto terapeutas quanto escola, devem dar suporte às famílias e evitar julgamentos. Eles sofrem, sim, e devemos estar aqui para apoiá-los e direcioná-los para o melhor caminho dentro de nossas possibilidades.