Seguindo nossa discussão sobre as escolas e a inclusão, trago mais um tema essencial para esse processo: o trabalho em equipe!
Quando falamos de uma criança e do seu processo de escolarização, também falamos de seus pais. Uma criança não é uma ilha, mas faz parte de uma rede de cuidado que pode envolver diversos familiares e certamente envolve a escola. Se essa criança tem deficiência, ou algum atraso no neurodesenvolvimento ainda não especificado, necessitando de intervenção precoce, médicos e terapeutas obrigatoriamente passam a fazer parte da rede de cuidado.
Uma rede é um complexo, composto por diversas linhas que se cruzam e se complementam. E assim deve ser a inserção dos profissionais (tanto terapeutas quando educadores) na vida da família onde há uma criança com deficiência. Esse trabalho deve se dar a partir do diálogo, orientação e respeito. Diálogo entre todas as partes. Orientação daqueles que são especializados em algum assunto que é demandado no momento. E respeito à individualidade e posição de cada um na rede (inclusive respeitando a criança!).
Se um dos pontos se "quebra" ou deixa de realizar sua função, a rede passa a se desmanchar e adivinhem quem perde com isso? Sim, é a criança! Ela é o centro do processo, ela que conecta todos esses profissionais e familiares, e os objetivos de nossos trabalhos devem ser traçados visando o seu melhor interesse, seja ele referente a comportamento, aprendizagem, socialização, emoções...
Os profissionais que podem compor essa rede são os mais diversos, desde neuropediatras, psiquiatras infantis, psicólogos, enfermeiros, assistentes terapêuticos, terapeutas ocupacionais, musicoterapeutas, fonoaudiólogos, psicopedagogos, fisioterapeuta... A lista é enorme! E muitas vezes todos eles estão juntos no atendimento de uma criança! O que transforma a rede de cuidado ainda mais complexa.
Os profissionais não deveriam competir entre si, ou fechar suas portas para o diálogo, pois desta forma vão na contramão do processo de inclusão e do próprio tratamento que está sendo desenvolvido com a criança. Os pais devem ser vistos como parceiros, e juntos com a criança, os maiores interessados de que todo esse processo seja de sucesso.
Para falar mais sobre o assunto, mostrando a perspectiva da Psicopedagogia, convidei a psicopedagoga Sandra L. Kendzierki Winter para falar um pouco sobre a sua experiência:
A Psicopedagogia e a Escola*
A Psicopedagogia surgiu da necessidade de uma melhor compreensão e entendimento do processo de aprendizagem, comprometendo-se assim com a transformação da realidade escolar, possibilitando dinâmica em sala de aula, contemplar e melhorar a interdisciplinaridade, juntamente com outros profissionais da escola.
O Psicopedagogo estimula o desenvolvimento de relações interpessoais, o estabelecimento de vínculos, a utilização de métodos de ensino compatíveis com as mais recentes concepções a respeito desse processo. Procura envolver a equipe escolar, ajudando-a a ampliar o olhar em torno do aluno e os obstáculos que se impõem ao pleno domínio das ferramentas necessárias à leitura do mundo.
Como a Psicopedagogia é uma teoria e uma prática que se ocupa da aprendizagem humana em qualquer faixa etária, entendemos que ela pode ajudar os profissionais da educação a perceber os pais como seres em processo de aprendizagem, assim como seus filhos, cabendo à escola o gerenciamento dessa aprendizagem acerca de como a organizar a vida escolar de seus filhos.
Portanto, o estudo psicopedagógico atinge seus objetivos quando, ampliando a compreensão sobre as características e necessidades de aprendizagem de determinado aluno, abre espaço para que a escola viabilize recursos para atender as necessidades de aprendizagem. Para isso, devem analisar o Projeto Político-Pedagógico, sobretudo quais suas propostas de ensino e o que é valorizado como aprendizagem. Desta forma, o fazer psicopedagógico se transforma, podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxílio da aprendizagem.
O ano de 2020 foi o ano onde realmente colocamos em prática o fazer psicopedagógico juntos às escolas para as crianças atípicas que não assistem aulas online, não conseguem ficar em frente um computador por não compreender como um processo de aprendizagem e não aceitam seus pais como educadores.
Neste momento tivemos parcerias que foram muito além de uma reunião online onde orientadores, professores e especialistas de AEE se juntaram aos profissionais que acompanham as crianças em consultório para buscar soluções a fim de superar este momento tão difícil.
Sandra L. Kendzierki Winter
Especialista Em Transtornos do Desenvolvimento, Ufrgs -Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional, Fapa -Especialista em Orientação Educacional, Fapa -Especialista em Terapia Cognitivo Comportamental, Uninfia -Especialista em Neuropsicopedagogia e Ed. Inclusiva, Formação ABA, Conduzir SP -Aperfeiçoamentos em Desenvolvolvimento. Neuropsicopedagogico, Puc - Aperfeiçoamentos na área de Reabilitação Neuropsicológica, Nani-Sp, Especialista em Autismo, Especializanda em ABA, Especializanda em Neuropsicologia Escolar, Puc., Especialista em Autismo, Cândido Mendes..
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