É comum as pessoas acharem que temos apenas 5 sentidos, mas sabia que temos mais? Pois é, são 7 sentidos! Os mais conhecidos são
Tato
Olfato
Paladar
Audição
Visão
E os dois que se falam com menos frequência, mas que são tão importantes quanto os citados anteriormente, são
Propriocepção
Vestibular
Vamos conhecer mais sobre cada um deles e a sua importância na Musicoterapia?
Tato
O toque é uma das primeiras, talvez a primeira, sensação ativada no útero (junto com a audição). Antes do desenvolvimento de qualquer forma de comunicação cognitiva expressiva e receptiva, o toque informa o cérebro sobre as condições externas e internas existentes, desde calmantes até dolorosas. Acredita-se que as áreas orais (lábios) são as primeiras a responder ao toque in utero e que a boca é uma das primeiras fontes de informação disponíveis que um bebê usa para explorar seu ambiente após o nascimento.
O cérebro processa as sensações táteis por meio de dois canais principais, o sistema protetor e o sistema discriminativo, que trabalham de forma integrada, de uma maneira funcional, calma e adaptativa às contínuas sensações de toque, incluindo respostas internas e externas à pressão e dor. E isso se dá através do maior órgão do corpo humano: a pele.
Na Musicoterapia, o tato está presente em todos os momentos, desde tocar os instrumentos e materiais complementares, até a experiência das vibrações sonoras, pois elas cobrem uma pessoa, proporcionando uma massagem tátil relaxante que todo o cérebro aceita como calmante. Mais uma vez, o cérebro atende à música, acabando por acalmar o medo e a ansiedade, “esquecendo” por um momento suas sensibilidades táteis através de um redirecionamento através das sensações.
Olfato
Os sentidos funcionam a partir da organização e trabalho conjunto de diversos órgãos, por isso nós falamos em SISTEMAS SENSORIAIS quando nos referimos aos sentidos. No caso do Sistema Olfativo, ele envolve o nariz, onde está a mucosa olfativa, que envia as informações dos cheiros para o sistema nervoso. Esse sistema está intimamente ligado ao paladar, colaborando para que possamos sentir o gosto daquilo que ingerimos.
Em Musicoterapia, esse é o sentido menos utilizado. Mas vale a pena destacar que os musicoterapeutas devem se atentar aos odores presentes na sala, como perfumes e aromatizadores, que podem causar desconforto em pessoas com Transtorno do Processamento Sensorial (e alergia em que gente que nem eu, que vive uma luta contra a rinite e a asma).
O olfato também nos ajuda a rememorar fatos que foram marcantes. Pensa no cheiro do pão de queijo quentinho saindo do forno, ou o cheiro de um jardim florido em um dia especial de primavera... Eu gosto muito do cheiro de jasmins, que fazem me lembrar da minha avó, que já faleceu. Você também tem cheiros “especiais”? Conta aí nos comentários!
Paladar
O paladar é uma sensação química ativada a partir do contato de alimentos com as papilas gustatórias presentes na nossa língua, que nos permitem diferenciar o que é salgado, doce, amargo e azedo.
Na Musicoterapia esse é o sentido menos utilizado. Para não dizer que nunca é utilizado, nós o ativamos com o uso de instrumentos de sopro, especialmente os de madeira, que costumam ter um gosto específico. Porém, esse não é um foco da Musicoterapia e o uso de instrumentos de sopro (ou a recusa deles) pode estar mais associada a questões táteis e auditivas.
Audição
Audição, o ato de ouvir, é predominantemente um processo passivo. A energia sonora e as vibrações estão em todos os lugares do ambiente e são inevitáveis. A percepção do som, a interpretação dos sons, é mais complexa. Isso envolve uma troca ativa de comunicação entre processos subcorticais - instinto - e processos corticais, ou seja, a mente consciente.
O órgão responsável pela audição é a orelha (ouvido) que é dividida em orelha externa, orelha média e orelha interna. Mas a percepção dos sons também envolve processos cognitivos mais complexos. É interessante comentar a conexão dos sistemas auditivo e vestibular, pois o som viaja pelos canais vestibulares do ouvido, que consistem em diferentes tubos adjacentes uns aos outros. Os jovens com infecções de ouvido recorrentes, problemas com a drenagem do ouvido ou bloqueio das trompas de Eustáquio, podem ter problemas vestibulares e auditivos simultaneamente.
Esse é o sentido primordial na Musicoterapia, justamente por essa se utilizar da música e de seus elementos para promover o processo terapêutico. Basicamente, são realizados quatro métodos: improvisação (criação espontânea de uma música), recriação (tocar algo previamente existente), composição (criação proposital de uma música) e audição (proposta receptiva, onde o participante se coloca apenas como ouvinte, em um primeiro momento).
Visão
O sistema visual é formado pelos olhos e pelos nervos, e as estruturas acessórias (pálpebras, supercílios, músculos e aparelho lacrimal). A informação visual é captada a partir da luz que chega aos olhos e interpretada pelo cérebro como imagem.
Na Musicoterapia utilizamos atividades com diversos estímulos visuais, como a disposição do setting (com mais ou menos instrumentos), associação de notas musicais a cores, utilização de partituras convencionais ou adaptadas, uso de histórias (livros) sonorizadas, discriminação de figura-fundo, representação visual da música (com desenhos, objetos concretos, etc.) e percepção de profundidade ao tocar instrumentos variados.
Propriocepção
É o sistema sensorial que nos permite perceber a localização, posição e orientação do corpo no espaço, reconhecer a força exercida pelos músculos e o movimento das articulações sem utilizar a visão. Ele monitora atividades internas e trabalha junto com o resto do cérebro para modular atividades de movimento (quanta flexão do joelho é necessária ou já está em vigor durante o salto, ou quanta força é necessária para pegar uma baqueta e tocar um tambor, por exemplo).
Os receptores articulares, bem como o sistema tátil e vestibular, estão presentes para que o sistema proprioceptivo entre em ação.
Na Musicoterapia a propriocepção pode ser trabalhada desde dançar, ajudar a organizar o setting, utilizar baquetas de pesos diferentes, bem como tocar ritmos com alterações de dinâmica (seja usando baquetas ou as mãos em instrumentos de percussão ou através de percussão corporal).
Vestibular
O sistema vestibular é uma operação altamente complexa que interpreta a posição do corpo e a orientação espacial com base na posição da cabeça. O cérebro sabe a posição exata da cabeça com base nas sensações que fluem dos receptores vestibulares dentro dos ouvidos: células ciliadas (cristas) localizadas nos canais semicirculares (são três), o utrículo e o sáculo do labirinto vestibular. Os movimentos oculares-motores (olhos) são imediatamente organizados e regulados para compensar qualquer inclinação da cabeça.
Na Musicoterapia o estímulo auditivo (especialmente quando falamos em ritmo e andamento), pode ser associado aos movimentos, como quando fazemos uso de um trampolim (também chamado de jump) e trabalhamos a sincronia som-movimento. Independente do uso de materiais extra-musicais, o sistema vestibular é ativado quando realizamos mudanças rítmicas e de andamento, bem como o uso expressivo de componentes musicais, como retardar e acelerar o andamento.
A música e o movimento vem sendo amplamente estudados, e um autor muito importante é Émile Jaques-Dalcroze, que criou todo um sistema de ensino de música baseado no movimento expressivo do corpo e apresenta estudos, adaptações e utilizações na Musicoterapia.
Fontes
BERGER, Dorita S. Music therapy, sensory integration and the autistic child. London and New York: Jessica Kingsley Publishers, 2002.
BRUSCIA, K. Definindo Musicoterapia. Tradução de Marcus Leopoldino. Dallas, EUA: Barcelona Publishers, 2016.