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Foto do escritorDaniele Pendeza

Objetivos na Musicoterapia



São diversos os objetivos que podem ser trabalhados dentro da Musicoterapia e eles são traçados através da avaliação inicial do processo musicoterapêutico, considerando as demandas e necessidades do cliente, bem como os motivos de encaminhamento para a terapia. 😊


Esses objetivos não são fixos, eles podem mudar de acordo com a necessidade do cliente, conforme o processo se desenvolve ou são alcançados de forma satisfatória, promovendo a alta ou encaminhamento para outros serviços.


A imagem desse post é uma ilustração de grandes áreas que podem ser escolhidas como objetivos da Musicoterapia e eu vou falar mais um pouco de cada uma delas a seguir. 🥰


OBJETIVOS SOCIAIS

A socialização é de extrema importância na vida humana. Somos intrinsecamente seres sociais, necessitamos do grupo (em menor ou maior grau) para podermos nos desenvolver e alcançar nossa potencialidade. O processo de socialização envolve assimilar características da comunidade a qual estamos inseridos e é um processo contínuo, que sempre necessita ser adaptado (seja por nos movermos entre diferentes culturas ou pelo fato de que as próprias culturas mudam ao longo do tempo) e ocorre ao longo de toda a nossa vida.


Muitas condições envolvem dificuldade na socialização, como o Transtorno do Espectro Autista (déficits na socialização fazem parte dos critérios diagnósticos para o transtorno), e a Musicoterapia tem muito a colaborar no desenvolvimento de objetivos que envolvam aspectos sociais! Por exemplo, trabalhar comportamentos específicos, como contato visual, interação entre pares, participação em atividades em grupo, desenvolvimento de habilidades auditivas (aprender a escutar o outro ativamente), compartilhar interesses, troca de turnos (onde cada um tem sua vez de falar) e aprender saudações (dar oi e tchau). 💁🏻‍♀️


OBJETIVOS COGNITIVOS

Cognição é uma função psicológica que nos permite aprender e absorver novos conhecimentos. 🧠 Ela depende de alguns processos que são fundamentais para a aprendizagem, como a percepção, memória, atenção, capacidade de abstração e domínio da linguagem. Quanto maior forem nossas habilidades dentro desses parâmetros, maior a probabilidade de aprendermos e retermos novos conhecimentos, sendo capazes de utilizá-los para melhorarmos nossas vidas e a dos outros.


Processos cognitivos podem ser estimulados durante a Musicoterapia, sendo que grandes achados têm sido feitos no que se refere à memória musical especialmente no trabalho junto de idosos. Também podemos trabalhar sequenciamento, identificação e discriminação de categorias (de instrumentos musicais, por exemplo), atenção às tarefas, ser capaz de seguir instruções, trabalhar com cores, números, alfabeto e textos (letras de música).


OBJETIVOS FÍSICOS

Nosso corpo é nossa casa! 🏠 Precisamos cuidar dele com respeito e atenção, e nada melhor do que prevenir que nossa casa adoeça. Um dos pontos de atuação da Musicoterapia é a prevenção e promoção da saúde. Cada dia mais percebo que temos uma visão errônea desses termos, buscando-os apenas quando já adoecemos. Especialmente na atualidade, onde estamos com nossa movimentação limitada devido à pandemia e vivendo altos índices de estresse.


No caso da Musicoterapia, ela pode ser uma aliada na promoção da saúde física, trabalhando a amplitude de movimentos, motricidade ampla, motricidade fina, controle da dor, aumento da capacidade respiratória, equilíbrio e resistência, coordenação motora e treino de marcha. Afinal, música e movimento estão intimamente conectados. 😊


OBJETIVOS NEUROLÓGICOS

Com o advento de novas tecnologias no âmbito da saúde, cada vez mais descobrimos as potencialidades da Musicoterapia na esfera neurológica, entendendo como ela afeta e modifica o cérebro. Atualmente sabemos que a Musicoterapia é capaz de estimular as áreas auditivas primária, da linguagem, ínsula, amígdala, hipotálamo e córtex pré-frontal.


Também já foi verificado que músicos apresentam o corpo caloso (parte que une os dois hemisférios cerebrais) mais robusto do que o de não músicos, o que aumentaria a conexão entre os hemisférios. Além disso, a musicoterapia é capaz de aumentar a neuroplasticidade, ou seja, a capacidade de o cérebro criar novas conexões, a fim de construir novas aprendizagens e se adaptar à mudanças. Por fim, e não menos importante, o fazer musical produz dopamina, um neurotransmissor relacionado ao prazer e à motivação. 🧠


OBJETIVOS PSICOLÓGICOS

Objetivos psicológicos estão intimamente conectados ao autoconhecimento. E quanto mais nos conhecemos, mais adaptados estamos ao nosso meio cultural, mais nos respeitamos e respeitamos aos outros, sendo capazes de desenvolver nossas vidas de forma satisfatória.


Na Musicoterapia é possível trabalhar objetivos psicológicos ao lidar com novas situações, favorecer a autoexpressão, propiciar autoconhecimento e processamento emocional, regulação do humor, busca pela independência, propiciar relaxamento, trabalhar o luto e realizar tratamento complementar para abuso de substâncias.


OBJETIVOS ESPIRITUAIS

A espiritualidade vai muito além da religião, ela é uma forma de buscar significado para a vida. 😉 Assim, uma pessoa que tem religião não necessariamente pode estar interessada em desenvolver sua espiritualidade, apenas repetindo dogmas; enquanto outras pessoas, que não professam nenhuma fé abertamente, podem viver uma constante busca por algo transcendental.


A Musicoterapia (e o musicoterapeuta) não podem apresentar preconceitos quanto às escolhas dos clientes, seja com relação às suas crenças ou religião, assim como não podem professar a suas crenças, impondo-as aos seus clientes. Porém, quando o trabalho referente à espiritualidade é necessário, a Musicoterapia é uma aliada, podendo promover "melhorias nos cuidados espirituais, na autoestima, empoderamento, conexão com algo maior, instilação de esperança, motivação, reflexões sobre cura, mente, corpo, alma, bem-estar espiritual e saúde integral" (PISMEL et al, 2018). 🙏🏻


Fonte: PISMEL, Mariana Christina Garcia et al. Musicoterapia e espiritualidade: uma revisão integrativa. Revista Brasileira de Musicoterapia, Ano XX, n° 25, 2018 (p. 8 - 29).


OBJETIVOS COMPORTAMENTAIS

Comportamento é um conjunto de atividades e reações dadas por um indivíduo frente ao seu meio, ou seja, são nossas respostas dadas aos estímulos que recebemos. A Musicoterapia tem uma forte ligação com o trabalho comportamental, sendo que um dos métodos mais difundidos é justamente o da Musicoterapia Comportamental, desenvolvido por Clifford K. Madsen (1968).


Quando falamos em objetivos comportamentais, nos referimos a propostas que visam uma mudança no comportamento do cliente, seja esse comportamento de ordem motora (extinguir comportamento de atirar coisas, redirecionando-o para algo funcional), de ordem verbal (estimular comportamentos verbais, como pedir licença, cumprimentar, pedir antes de fazer) e até mesmo no redirecionamento de pensamentos negativos (para melhorar a autoestima).


É válido destacar que nem todos os musicoterapeutas que atuam na área comportamental seguem as teorias como elas são expostas na ABA (Análise do Comportamento Aplicada). O próprio Madsen estudou autores como Leonard Krasner e Leonard Ullman, e atualmente também temos a abordagem Cognitivo Comportamental, que surgiu a partir dos estudos do psiquiatra Arron T. Beck, na década de 1960.


>>>> Obviamente esses não são os únicos objetivos sociais a serem desenvolvidos, mas são bons exemplos de como a Musicoterapia pode, de forma lúdica e criativa, trabalhar dificuldades inerentes ao desenvolvimento. 🥰

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